Mulheres envolvidas com causas socioambientais mostram dados e mandam o recado: descarte incorreto do lixo plástico traz severos danos ao planeta
A cada minuto, o equivalente a um caminhão de lixo plástico é jogado nos oceanos. De partícula em partícula, de frasco em frasco, de rede de pesca em rede de pesca, o material tóxico se acumula às toneladas, matando e ameaçando vidas no planeta. O alerta foi dado por duas mulheres envolvidas na causa socioambiental que atuam para conscientização quanto à despoluição dos mares e a proteção dos animais.
A jornalista Fabiana Franco, diretora do Projeto Pegada (ES), e a oceanógrafa Beatriz Mattiuzzo, fundadora da Marulho, empresa que dá destino sustentável para redes de pesca à deriva do mar, foram as convidadas da live transmitida no último dia 24 de janeiro, no canal da Comunicação Energia.
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Em pauta, a conscientização sobre os resíduos plásticos, num bate-papo intermediado pelo jornalista Osvaldo Santos, analista de comunicação das empresas (Tevisa, Linhares Geração, PCH Braço, Tropicália Transmissora e Povoação Energia) que vem trazendo informações sobre o assunto dentro da campanha “Desplastifique: Não Descarte Essa Ideia”.
Com mestrado e doutorado em comunicação, saúde e meio ambiente, Fabiana Franco, na primeira parte da live, chamou a atenção sobre a importância de mudanças comportamentais de cada indivíduo. “É uma mudança diária, é uma escolha a todo momento. Eu escolho se vou jogar um papelzinho dentro da bolsa ou se vou jogar no chão”, ressaltou ela.
O Projeto Pegada estimula seus 1.200 voluntários a promoverem a limpeza das praias em Vitória, mesmo que não sejam eles os responsáveis por terem gerado esse lixo. “A gente se corresponsabiliza com o lixo que vê em locais inadequados, não só com o lixo que a gente gerou e deve descartar”, explicou Fabiana.
A diretora do coletivo, que também se mobiliza para ajudar animais em sofrimento no mar, trouxe outros dados alarmantes: estima-se que o lixo plástico nos oceanos some um montante de 170 trilhões de partículas, o que significa uma massa de 2,3 milhões de toneladas de plásticos nos mares do mundo. Um problema de dimensão global que afeta não só a saúde dos animais marinhos, mas também a saúde humana.
Pesquisadores e ativistas têm se deparado com cenas que acendem o alerta. Encontram plásticos mordidos e comidos por peixes. “Isso leva a gente a refletir: se o peixe come plástico, e você come peixe, você também come plástico. A gente acaba ingerindo plástico ao consumir animais marinhos. Estudos já mostram a presença de partículas de plástico nos estômagos de animais e nos estômagos humanos”, afirmou Fabiana.
Marulho, o barulho do mar
Na segunda parte da live, a conversa foi com Beatriz Mattiuzzo. A cofundadora da Marulho falou sobre a estruturação de seu negócio sustentável e como ele pode ajudar na despoluição dos mares. A Marulho é uma empresa especializada em recuperação de redes de pesca, que são compostas por um dos mais perigosos tipos de plásticos do mar.
Esse material é o responsável pelo que se chama de “pesca fantasma”. O problema é assim desencadeado: as redes perdidas ou descartadas no mar acabam capturando e matando acidentalmente até 69 mil animais marinhos por dia só no Brasil, segundo dados de 2019 da ONG Proteção Animal Mundial.
“Recuperamos redes de pesca que seriam descartadas e transformamos esse material em novos produtos. Desde 2021, já conseguimos retirar mais de 4,5 toneladas de rede diretamente do mar. Os pescadores são pagos para construírem as redes”, destacou Beatriz, ao destacar a economia circular impulsionada pela empresa.
A Marulho é um negócio de impacto socioambiental que começou suas atividades na metade de 2019. A adesão da comunidade Matariz, na Ilha Grande (RJ), onde está sediada, tem feito toda a diferença.
Pelas mãos de pescadores, redes de pesca viram produtos ecológicos como mochilas, bolsas e fruteiras. A nossa campanha “Desplastifique”, por exemplo, distribuiu neste mês de janeiro aos colaboradores mochilas feitas de rede de pesca tratadas pela Marulho, um dos itens que compõem o kit.
“As mochilas que vocês (colaboradores) receberam foram todas costuradas pelos redeiros da comunidade, ajudando a preservar saberes culturais, combater a pesca fantasma e contribuir para o desenvolvimento sustentável”, ressaltou Beatriz.
Colaboradores aprovam iniciativa
Em pouco mais de uma hora de bate-papo, os colaboradores tiveram acesso a conceitos importantes para a preservação do planeta e, no chat, deram suas impressões sobre as apresentações.